segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

Francisca Baiden


Francisca Baide Mumič nasceu em Zaguria, Áustria, no dia 3 de Janeiro de 1885. Seus pais, Johan Baide e Franceska Baide, tiveram três outros filhos: Gertrudes, Marija e Antonio.
 Um dia, fascinados pelas notícias que vinham da América e ansiando por melhores condições de vida, os Baide decidiram vir para o Brasil como imigrantes.
A viagem de navio foi longa e penosa, principalmente para as crianças mais novas e entre elas Francisca, que tinha apenas seis anos de idade.

A vida no navio não foi fácil. Os imigrantes que viajavam aglomerados nos compartimentos de 3ª classe, nos porões dos navios, sem nenhum conforto,  não tinham autorização para subir para os compartimentos superiores de 2ª e 1ª classe,  onde ficavam os viajantes que gozavam de todas as regalias. Assim, viviam, de certa forma, confinados no espaço exíguo – pois quase sempre a lotação estava acima  da permitida -, sem possibilidade  de tomar sol e onde até mesmo a visão do mar era limitada pelas pequenas aberturas que funcionavam como janelas,  mas que não forneciam ventilação adequada. A falta de condição sanitária adequada favorecia a proliferação de doenças contagiosas. Durante toda a viagem em alto mar ocorriam mortes e nascimentos.

Para  amenizar o passar dos dias durante a  viagem -  que durava de duas a quaro semanas – festas e jogos eram organizados. Muitas vezes, os marinheiros, tocados pelas angústias dos imigrantes, davam-lhes as sobras de comida dos passageiros da primeira classe. Francisca, como outras crianças, usufruiu desse privilégio. Às vezes, com a curiosidade própria de uma criança de seis anos, tentava subir as escadas para ver o que havia na parte superior do navio, mas era contida pelos marinheiros.

Ao desembarcarem no porto de Santos, assustou-se com  os estivadores negros que lá trabalhavam. Foi a sua primeira visão de um homem da raça negra, pois até então, onde havia vivido, não tivera nenhum contato com descendentes de africanos.

Depois de desembarcarem, todos os membros da família, além de outras pessoas que haviam chegado no mesmo navio, foram alojados na pequena hospedaria da cidade e, posteriormente,  levados de trem para a  Hospedaria dos Imigrantes, na capital, onde aguardaram uns dias até serem enviados para o destino que lhes estava  reservado:  uma fazenda na região de Jaboticabal.

A pequena Francisca, que no princípio só falava o dialeto da terra materna, aprendeu a língua portuguesa, mas cresceu sem frequentar nenhum tipo de escola. Desacostumados ao clima quente da região tão diferente daquele que haviam deixado na Áustria, alguns membros da família foram acometidos por doenças tropicais. Assim, primeiro faleceu o irmão Antônio, aos 24 anos de idade, em 4/01/1901, vitimado pela febre amarela e depois o pai,  e em 30/06/1908, a mãe, Franceska.
Francisca nunca frequentou uma escola no Brasil.

Aos 20 anos, casou-se em Jaboticabal com o também imigrante Carlos Mumič. Ela e o marido formaram uma grande família.